domingo, 26 de abril de 2009

CÂNCER...


Ter câncer é ser apresentada a outro mundo. É testar sua paciência, engordar a pasta de exames que se acumulam ao longo dos meses.
Quem nunca teve câncer não faz a idéia do que significa ouvir do médico que tudo está bem. Não sabe o frio de medo que passa pelo corpo cada vez que se abre o resultado de um exame de controle. Não sabe o que é ficar neurótico e imaginar mil desgraças cada vez que se tem uma simples dor de cabeça, uma dor nos ossos, uma tontura.
É uma doença solitária algumas vezes, pois você briga todos os dias com um inimigo invisível e não sai por aí falando ao mundo, todas as horas, sobre a sua luta. Mas é também uma doença generosa, pois lhe mostra para quantas pessoas o quanto você é importante!
Quem já recebeu a notícia de que estava com alguma doença grave certamente dirá que, ao ouvir o diagnóstico, o tempo parou. Para ser mais precisa, o tempo engata marcha ré e volta atropelando a gente.
Mal me lembro que ouvi as palavras “é câncer”, porém não me esqueço da imagem do meu médico com olhar preocupado. Desde então, lembro diariamente de tudo o que estou aprendendo ao longo dessa experiência. São memórias que quero guardar para sempre.
No fundo, essa travessia me ensinou a abrir mão de muitas coisas. A desfrutar de tudo da maneira mais profundda possível, pois é assim que as grandes mudanças da vida acontecem. É assim que a gente consegue se lembrar de quem é, e de quem deveria ser.
Não acho que seja preciso ter câncer para aprender essa lição. Entretanto, às vezes, os momentos trágicos nos obrigam a pensar nas prioridades imediatas. Sejamos francos: a vida é um desafio permanente, cheio de desvios inesperados que cada um tem de trihar sozinho.
É inacreditável como o simples registro dos pensamentos no papel ajuda a entrar em contato com minha voz interior. Então me dei conta: que revelar meus pensamentos, escrever minhas idéias malucas, mundanas e coonstrangedoras é para mim uma terapia. Por isso resolvi fazer esse blog.

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